sexta-feira, 7 de março de 2014

Jornalismo: FURB resgata dívida e lança curso sendo modelo nacional

José Marques, entre a esposa e Antônio Hohlfedt, João Natel, Clóvis Reis e a pró-reitora de Ensino, Maria José Domingues.

Badalada a aula magna do curso de Jornalismo da FURB, ontem à noite. Profissionais e estudantes da FURB, do Ibes e na Unidavi lotaram o auditório do J para acompanhar as palestras dos professores José Marques de Mello (ícone da Comunicação no Brasil) e Antônio Hohlfeldt (presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom). 

O Santa deu meia contracapa com a foto da palestra de Hohlfeldt, tendo na mesa a professora Rosemeri Laurindo, coordenadora do curso. Prestigiaram a solenidade, ainda, além das autoridades da casa, o diretor de Redação do Grupo RBS, acompanhado do editor-chefe do Santa, Evandro de Assis; o chefe de Jornalismo da Ric Record, Alexandre Gonçalves (vice-presidente da Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí) e o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Valmor Fritsche. 

Os discursos

Para o reitor João Natel trata-se de momento de resgate de uma dívida histórica da FURB, desde a primeira intenção de lançar o curso, há 20 anos. "Não se encontrou uma justificativa plausível para esse atraso, na análise de atas e documentos das comissões formadas ao longo do tempo", afirmou. Natel enalteceu a competência e tenacidade da professora Rosemeri, dedicando-lhe o mérito pelo lançamento do curso, rendendo aplausos da platéia. E lembrou o pioneirismo de Blumenau no setor de Comunicação em SC: primeira rádio, primeira TV e primeiro jornal off-set a conferirem lastro para a demanda, que vem se somar ao prestigiado curso de Publicidade e Propaganda na tarefa de comunicar de maneira qualificada e alinhada às novas tecnologias. Ao mesmo tempo, Natel pediu ao diretor do CCHC, Clóvis Reis, que busque agilizar os concursos para o corpo docente e a infra-estrutura necessária para mantê-los produzindo da melhor maneira na FURB.

De sua parte, Clóvis Reis destacou que Marques de Mello é padrinho de P&P e Jornalismo da FURB, orientou o pós-doutorado da professora Rosemeri e contribuiu decisivamente para que o novo curso seja o primeiro do Brasil adequado às novas diretrizes curriculares do Ministério da Educação - aliás, trabalho também liderado por Marques ao atender convite do ex-ministro Fernando Haddad.

Rosemeri Laurindo disse que a criação do curso é fruto de compromisso social e desafio de uma instituição forte, uma universidade consolidada e lideranças que têm a dimensão histórica dos 50 anos da FURB que traz embutida a luta pela democracia e o amplo acesso aos meios de informação. Ao questionar qual o papel do jornalismo no século 21, tema sempre em debate, disse que a FURB "estava alheia desta reflexão importante para sociedade", deixando para o palestrante a resposta à indagação.

Metamorfose do jornalismo

O professor Marques de Mello foi aplaudido de pé ao final da breve palestra, um pouco prejudicada pelo que chamou de "mister parkinson". Mesmo assim decidiu vir a Blumenau por ser padrinho dos cursos e por Jornalismo ser a primeira experiência do novo modelo nacional de diretrizes curriculares, uma grade "que não aprisiona o estudante" e que levou cinco anos para finalizar. E também para homenagear a idealizadora do curso.

Para o primeiro doutor em Comunicação do Brasil, a FURB, ao investir na formação de futuros jornalistas, "demonstra seu compromisso com o fortalecimento da sociedade democrática, capaz de contribuir para a melhoria da vida cotidiana nas comunidades a que servem e de que se nutrem pedagogicamente".

Todo o discurso de Zé Marques pode ser conferido num livreto distribuído pela Edifurb na ocasião. Nele, critica as "cassandras" do derrotismo nacional que proclamam o funeral do ensino de Jornalismo e, sem meias palavras, desafia os jovens jornalistas sobre a clareza do caminho a seguir: "cada um vai pensar se vale a pena triunfar: subindo os degraus da escada weberiana, para servir aos "donos do poder",  ou servir à comunidade permanecendo fiel ao "bem comum" beltraniano". 

Segundo o catedrático da Unesco, o divisor de águas entre as duas alternativas encontra-se na capacidade de resistir às forças obscurantistas. Aquelas que ameaçam a integridade dos agentes de expressão noticiosa, tal como ocorreu no passado com os mártires Frei Caneca e Vladimir Herzog, ou mais recentemente com Tim Lopes e agora com Santiago Andrade.

Falar em crise do Jornalismo tornou-se redundante, diz ele. "A crise está embutida no DNA do jornalismo". Tendo como nutriente a curiosidade humana, o Jornalismo, segundo ele, está ancorado naquele desejo de conhecer o que ocorre no meio ambiente, "uma necessidade social da informação" (Clausse, 1963, p. 9-24). 

E, no ponto alto da palestra, disse que o jornalismo adquiriu maior complexidade, principalmente em função da convergência midiática e das transformações da sociedade:

"Precisamos imediatamente vencer a secular batalha pela inclusão educativa das maiorias incultas e iletradas que povoam o território nacional. Trata-se de criar e experimentar formatos jornalísticos que, potencializando as novas tecnologias, sejam capazes de catalisar o saber popular, estimulando o apetite cognitivo dos que estacionaram à margem da cultura impressa".

Veja os  vídeos com discursos do professor Natel e do professor Marques

Rosemeri Laurindo,
Marques e Hohlfeldt.


Auditório lotado


Primeira turma de Jornalismo.

(clique nas imagens)

FOTOS: DANIEL ZIMMERMANN


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